quarta-feira, 9 de março de 2011

Xingu Vivo Para Sempre! Belo Monte De Merda!


Primeiramente, vamos esclarecer o que é o projeto da UHE de Belo Monte, uma proposta de desenvolvimento nada sustentável, a custa da vida de milhares de índios, da subsistência de comunidades ribeirinhas, extrativistas, agricultores e degradação do meio ambiente.

O projeto, não é algo novo, ele foi idealizado em 1975, durante a ditadura militar, e agora a atual presidente da república, Dilma Roussef, que nunca escondeu o interesse pela realização do projeto, tenta viabilizar a qualquer custo. O projeto, na verdade, nem estaria em discussão se o governo federal não tivesse recorrido ao BNDES e ao fundo de pensão de trabalhadores públicos para o financiamento do projeto.

Uma cena histórica ocorreu em 1985, durante o 1° encontro dos Povos Indígenas do Xingu, em que uma índia levantou-se da platéia e em sinal de protesto ameaçou com a lâmina de seu facão o presidente da Eletronorte, principal responsável pelos estudos de viabilização do projeto. A mídia burguesa tratou da situação como um caso de selvageria, vitimizando a Eletronorte, sem expor de fato a situação de ameaça que a construção da usina representa para o povo da região. 

Em 1994 o projeto sofreu algumas mudanças para tentar agradar ambientalistas, e é claro, investidores estrangeiros. Em 2001 a Justiça Federal determina a suspensão dos Estudos de Impacto Ambiental na usina.
O até então presidente, Fernando Henrique Cardoso, lança criticas aos ambientalistas que se opõem à construção de usinas hidrelétricas, dizendo que eles atrapalham o país (Lê-se: atrapalham a imposição do imperialismo e o massacre da população).

Em 2009, atendendo ao pedido do Ministério Publico, a justiça suspendeu o licenciamento e determinou novas audiências para Belo Monte. O governo precisava do licenciamento ambiental para poder realizar o leilão de concessão da hidrelétrica.

O leilão que estava previsto para o dia 21 de dezembro de 2009, teve que ser remarcado devido a liminar da Justiça Federal concedida a partir de recomendações do Ministério Publico, que move outra ação pretendendo derrubar a licença ambiental concedida à obra. Já o diretor de licenciamento do Ibama insiste em defender que a obra não atinge diretamente as terras indígenas. A decisão judicial foi suspender a realização do leilão.

Mesmo em meio a fortes questionamentos, e entre várias tentativas de suspensão, o leilão acaba ocorrendo, no dia 20 de abril. Quem vence o leilão é o Consórcio Norte Energia. "Mas o Brasil vai ficar rico, vamos faturar um milhão, quando vendermos todas as almas dos nossos índios num leilão" já dizia a profecia, e assim como Renato Russo eu me questiono: Que país é esse?

Que país é esse que não tem lugar para todos? Que não tem direitos para todos? Um país que esquece sua identidade, suas crianças, seu povo. O que vai gerar tudo isso? Bem, a lista dos problemas é extensa, mas os principais problemas são os socioeconômicos. Toda aquela gente sendo expulsa ferozmente de seus lares e de sua terra, para ser arrastada para cidade, ou para um canto qualquer, para morrer de fome, ou de alguma coisa qualquer.

Mas quem se importa com isso quando se fala de lucro? O sangue de toda aquela gente por míseros 39% de energia que a usina produziria de sua capacidade. Quem me dera pertencer à um pais que soubesse o que é direito, o que é respeito, o que é gente. Quem me dera pertencer à um país em que pessoas fossem incluídas no desenvolvimento.

Estamos falando de um projeto genocida, que é economicamente fraco e controverso, que utiliza do dinheiro publico dos contribuintes para financiar a matança, através do BNDES. Temos que engolir a seco a prostituição infantil, a miséria, o lixo, a fome, a falta de saneamento básico, a falta de escolas, de hospitais, a destruição, a violência, o desmatamento, as doenças, a exploração e o trabalho escravo.

É a morte de um pedaço de nós, a perda irreversível de algo que nos pertence, a morte de nossos índios, nosso povo, a morte de nossa flora e fauna. Então companheiros, vamos assistir eles destruírem o que é NOSSO? Ou vamos aceitar o sangue que corre em nossas veias e segurar as mãos de nossos irmãos e brigar por nossas florestas e rios? Dêem um futuro para nossa gente.


Escrito por Rayssa Machado, estudante secundarista do Colégio Moderno e membro do Coletivo Estudantil Vamos à Luta!

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